31 de jul. de 2010

Faça Sexo*?

Adolescentes iniciam a vida sexual cada vez mais cedo. Mas... E você? Quer entrar para o grupo?

por Ci da Silva


Sexo tem idade. Na comunidade da Vila Andrade a adolescente tem sua primeira relação sexual aos 11 anos de idade. O dado vem da observação diária da agente de saúde Mônica do Nascimento, que trabalha atendendo a população da região. Segundo ela, as meninas se sentem encorajadas pelas amigas e acabam fazendo sexo como forma de entrar para o grupo. “A adolescente se sente bem nesta situação. Na verdade, ela acaba sendo discriminada pelas colegas justamente quando não faz sexo! Depois que iniciam, acabam adquirindo experiência e não ligam mais para nada”, comentou a agente de saúde.

Júlia é um exemplo. Mal começou a namorar e decidiu transar com o namorado. “Tinha certeza do que queria”, contou. Segundo ela, a experiência mudou sua forma de ver as coisas. Ela se considera “madura” agora. “Quando o namoro começou a ficar mais sério - e o amor é algo mais duradouro do que o desejo -, tive certeza de que era aquilo que eu queria fazer e com o tempo provei que foi certo”, disse. O namoro de Júlia durou apenas dois meses. Apesar do rompimento, a adolescente está orgulhosa com a decisão.

Falta de lazer. Júlia não é exceção, é regra na comunidade. As jovens têm encontrado no sexo a única fonte de lazer. Sem investimentos públicos em cultura e divertimento, as adolescentes se vêem em uma situação ingrata: tempo de sobra e falta de opções. A avaliação é de Mônica, que vê chegar ao posto de saúde cada vez meninas grávidas e cada vez mais cedo. “Sem opções de lazer, as meninas acabam ficando em casa com os namorados. Uma vez que os pais são ausentes, o sexo acaba acontecendo”, comentou. Outro problema decorre da falta de orientação por parte dos pais. São poucos os que vêem a gravidez precoce como algo condenável. “Os pais pegam as crianças para criar ou então entregam para parentes”, explicou. Esta atitude, contou Mônica, acaba fazendo com as meninas não adquiram responsabilidade agravando a situação. Em casos extremos, as meninas acabam abortando, colocando em risco suas vidas.

Mas nem tudo está perdido. Melissa é um exemplo de que é possível conciliar o amor e virgindade. Optou por não transar com o namorado e se sente feliz com a decisão. “Sinto-me bem, porque sei que não estou preparada para o sexo”, comentou. Melissa prometeu ao pai que se manteria virgem até os 18 anos. Além da promessa, a jovem quer encontrar um parceiro para a vida toda, alguém para casar. Para ela, não há motivos para se envergonhar por esperar pelo casamento. “Não dou nenhuma importância para o sexo agora. Para mim não é necessário, já que não sou casada ainda. Além disso, agindo assim, minhas atitudes não serão mal vistas pela minha família e pelos outros”.

Uma frase resume bem o modo de Melissa ver a vida. “Quando vejo uma menina falando que já transou, enxergo uma mulher mais velha em um corpo de criança”. Qual o momento certo para fazer sexo? Existe uma fórmula? Até que ponto o coração é o melhor termômetro para esta decisão? Para Melissa o tempo certo é o respeito. Para Mônica, o tempo está se antecipando demais. O que sabemos é que não podemos tomar uma decisão tão séria como esta apenas para pertencer a algum grupo, para agradar amigos. O nosso corpo é muito mais importante do que a imagem que fazemos dele.



*os nomes foram trocados para manter a privacidade das entrevistadas.

Um comentário:

Mariana disse...

Meninos, boa sorte com o blog! Aproveitem bastante a oportunidade de trocar idéias por aqui! Um beijão, Mari